domingo, 13 de maio de 2012

Figura paterna


Enquanto criança isso me fez muita falta. Naquela época o número de casais separados era muito pequeno, então todas as minhas amigas tinham um pai para apresentar na escola – e eu me escondia no fundo da sala rezando para a professora não me chamar para apresentar o meu.

Quando fui crescendo algumas figuras masculinas passaram pela minha vida, mas nunca consegui considerá-los como pai. Não que eu não quisesse, mas simplesmente parecia que essa figura não deveria fazer parte da minha vida... como se isso não me pertencesse.

Aos 16 anos eu perdi meu pai biológico. Ele faleceu em um grave acidente de carro e esse foi o momento da verdade para mim. Com a morte dele descobri que aquela necessidade da figura paterna havia passado e que o acontecimento em nada me abalava. Não é frieza da minha parte, mas aquela pessoa era um estranho para mim.

Desde então eu aceitei que a minha história se resumia a mim e a minha mãe e parei de procurar um pai nos namorados dela e nos pais das minhas amigas. Ela supriu todas as minhas necessidades e a partir do momento em que não precisei mais de um pai essa figura não me fez mais falta.

Alguns anos depois disso minha mãe conheceu uma pessoa muito legal. Um cara bacana que eu levei muito tempo para reconhecer. Como disse, eu tinha aceitado a vivência sem esse “pai”, então não queria ninguém nesse papel mais. Foi uma época bem complicada, onde briguei muito com o meu ciúme e o meu sentimento de posse.

Demoramos muito para nos encontrar, apesar dele já morar na minha casa há algum tempo. Custei a reconhecer que aquela pessoa era diferente e que gostava de mim de uma forma muito especial – forma essa que eu nunca havia sentido.

Com o tempo as minhas barreiras foram caindo e, quando eu já não poderia mais imaginar, essa figura paterna entrou na minha vida. Ele é para mim como um anjo da guarda. Me cuida, me dá carinho e muito luxinho. Nosso relacionamento é sólido e tenho por ele um amor muito forte e verdadeiro.

Infelizmente a idade não me permite mais chamá-lo de pai, afinal seria um tanto quanto ridículo nessa altura do campeonato. Entretanto, ele virou carinhosamente o meu “paixinho” e ocupa em meu coração esse espaço que por tanto tempo esteve vago e que para mim já havia morrido por tanto descaso.

No caso de algum dia ele passar por aqui, gostaria de dizer que o amo demais e quero agradecer por tudo o que tem feito por mim. Desde os carinhos, até a quebração de galho. Do amor a minha mãe, a amizade que tem com o meu marido. Thi, gostaria muito que você soubesse que a sua presença é essencial nessa família.


2 comentários:

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