terça-feira, 9 de setembro de 2014

Confusão

Perdi a graça! Cheguei naquele ponto em que o dinheiro, ou a falta dele, incomoda tanto que é preferível largar tudo de lado. A fonte pode até ser um pouco mais espremida, mas eu já estou cansada de tantos cálculos que envolvem centavos que vem e que vão com a oscilação cambial.

Quem me dera ter dinheiro para poder olhar apenas o lado esquerdo do cardápio, para fazer os passeios que quisesse, para poder olhar a fatura do cartão de crédito e não sentir palpitações. Corta daqui ou dali coisas que se queria ver e fazer e, ainda assim, continua a dúvida: será que vai dar?

No fim das contas, acredito que o problema não seja nem exatamente esse. A verdade é que eu queria ser outra pessoa. Menos sistemática, menos controladora, menos preocupada. No fundo, no fundo, não ligo especificamente para os R$ 100 a maios ou a menos. Me irrita é não ter as coisas sob controle, não conseguir dar um passo seguro.

Essa análise eterna de cenários e o grande desenho de "e se" que eles montam na minha cabeça abastecem o bando de borboletas que se alojaram no meu estômago e atormentam o gigante que usa sua mão pesada para esmagar meu coração. É um choque de adrenalina a cada nova decisão.

O mais triste é não conseguir dividir, pois ninguém consegue entender esse lado tão pessoal. É muita expectativa e, consequentemente, muita dúvida. Dúvida essa que, para uma pessoa controladora, é um suplício, um martírio, uma desolação.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Na era do "on demand"


Quando a televisão surgiu ela era um objeto de luxo. Além de reunir todos os membros de uma família em uma única sala, ela ainda atraia toda a vizinhança, uma vez que ter um aparelho desses era coisa rara. Ao longo do tempo ela foi se popularizando e chegamos ao ponto de termos no Brasil casas sem geladeira, mas com TV.

Na minha adolescência símbolo de status era ter uma televisão própria, no seu quarto. Era o máximo da individualidade ser dono do seu próprio controle remoto. Ano após ano essa tendência foi crescendo e o “on demand” surgiu desse nicho: transformar a programação em algo personalizado, onde cada um pudesse assistir ao que quisesse.

Com a expansão da internet, essa individualidade ganhou força com o Youtube. Com apenas um clique se tem acesso a clipes, documentários, filmes e assuntos de todos os interesses disponíveis em local e horário personalizados – você escolhe o que quer e quando quer. Seguindo esse caminho surge o Netflix e popularização da tecnologia de gravar a programação da TV.

Cada pessoa está em uma sintonia. Brasileiros curtem NBA e comentam sobre a final do Super Bowl. Os seriados americanos viraram os queridinhos da nação, mas cada um está em um episódio e o horário do café da empresa virou sinônimo de spoiler: se não quer saber quem morreu em Game of Thrones é melhor pular esse horário de confraternização.


Essa mudança de comportamento não para de me impressionar. Sou de uma época em que campanha de sucesso era lançada no Fantástico e o jingle estava na boca do povo na segunda feira; que se esperava pelo seu clipe predileto nas “Mais Pedidas” da MTV; que o programa predileto dos adolescentes era “Programa Livre”. O mais impressionante é que não tem nem 15 anos que o mundo era assim
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