Bem diz o ditado que "a única certeza da vida é a morte". Então eu sempre me pergunto: por que nunca estamos prontos para tal acontecimento? Não digo prontos emocionalmente, porque isso eu acho que não dá mesmo, mas sim prontos "burocraticamente" falando.
Infelizmente tivemos um desses infortúnios momentos em nossa família há algum tempo e esse dia de finados me fez voltar a pensar no assunto. Enquanto estamos curtindo a vida nunca pensamos em como será quando ela acabar. Devaniamos sobre céu e inferno, paraíso e vida após a morte, mas nossos pensamentos são sempre egoístas, focando o universo apenas em nossa existência ou na falta dela.
Nunca pensamos em o que deixaremos para traz. Nunca falamos dos assuntos pendentes e não informamos aos nossos parentes como eles devem proceder numa situação dessas. Aqui em casa enfrentamos a difícil tarefa da caça aos documentos. Ninguém sabia onde eles estavam e, nessas horas, é preciso uma tonelada deles.
Além disso, estamos na justiça pela conta bancária. Não que a divisão do que está lá seja a questão, mas sim o fato de ninguém saber a senha da mesma. Sem esse importante dado só um juiz pode determinar a liberação do dinheiro e, como tudo que tramita na justiça brasileira, pode levar bastante tempo.
É por essas e outras que adotei um novo sistema aqui em csa agora. Todos os documentos ficam em uma mesma pasta, os meus e os do Gil. Já registramos nossas senhas pessoais de tudo (banco, internet, senhas online e e-mails) e, principalmente, deixamos bem clara a nossa intenção de ser doador de órgãos.
Eu sei que o assunto é muito mórbido e nós, como seres humanos, fugimos dele o tempo todo, mas sempre me resta aquela pergunta: por que não falar a respeito? Dói, mas no fim das contas o diálogo é o melhor caminho.
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