terça-feira, 1 de março de 2011

O fim dos 30”

Muito se discute no cenário de mídia sobre a morte do famoso formato 30”. Considerado o formato padrão para mídias eletrônicas, o material de 30” tem espaço cativo nos planejamentos de mídia da maior parte das agência e é uma instituição construída e reconhecida pelo cliente que compra comunicação e mídia.

Entretanto, reparamos ao longo dos anos que o consumo do material de 30” por parte de ouvintes e telespectadores tem se alterado. Quando não existia o controle remoto ou o dial digital as pessoas eram “obrigadas” a se manterem no mesmo canal. Elas assistiam ao comercial com a mesma intensidade com que assistiam a programação. Era inaceitável mudar de canal no horário da novela das 8, pois por alguns segundos podia-se perder o retorno do bloco e a solução daquele mistério que sempre começa antes do comercial e termina depois dele.

Nos últimos tempos zapiar se tornou um verbo cada vez mais utilizado e é prática normal quando estamos assistindo a uma programação. Enquanto estamos dentro do editorial, permanecemos fieis àquela emissora. Assim que entram os breaks comerciais, mudamos de canal diversas vezes, buscando por assuntos de interesse ou por programas que possam preencher a lacuna de 3’ de espera. Ficou muito fácil, pois é só apertar alguns botões e, sem perda de tempo, se volta ao canal desejado.

Diante desse cenário, passou-se a discutir e a utilizar o merchandising. Composto de ações dentro do editorial dos programas, o merchandising é uma solução prática e muito adequada para passar mensagens publicitárias enquanto o programa está no ar. Com esse formato é possível ligar o editorial do programa aos valores do produto e utilizar a credibilidade do apresentador ou do cenário como ponto forte para estabelecer a mensagem e a campanha publicitária.

Cada vez mais há a pressão por parte do mercado e por parte dos profissionais influentes da comunicação que não se use o formato 30”. Cada vez mais é solicitado que a mídia pense em formas de envolver o público, de gerar valor de branding e interatividade com a marca. É uma cobrança para um deslocamento do “quadrado”, da forma geométrica que é, a princípio de tudo uma forma, ou seja, feita do mesmo jeito por várias pessoas.

Em contra partida a essa pressão encontramos alguns pontos desfavoráveis para a implementação desses novos planos de mídia:

1) Em primeiro lugar temos a barreira do conhecimento. A maior parte dos clientes não entende de marketing e não compreende a importância de um trabalho de merchandising e como ele pode ser um aliado na comunicação.

2) Em segundo temos a própria legislação e criação das peças, que tornam muito claras as ações de publicidade, tornando os merchans muitas vezes massantes e amplamente comerciais – o que tira todo o seu propósito de ser “desproposital” por parte dos personagens do programa ou apresentadores.

3) Em terceiro, os merchans são produtos diferenciados e, por isso, têm valores diferenciados. Não se trata da compra de um espaço, mas sim do endosso de toda uma estrutura ao produto. Se trata de personagens consumindo na tela produtos da vida real, repassando assim os hábitos de consumo para os próprios telespectadores.

Voltando então ao topo do artigo, deixo aqui a discussão sobre o fim do formato 30”. Como mídia não acredito que ele irá morrer, assim como o jornal não morreu com o rádio e a TV não morreu com a internet. Acredito sim que há outras excelentes formas de se comunicar, porém meu grande questionamento é: o cliente está pronto para isso? Para reconhecer as outras formas e, principalmente, pagar por elas? Na minha opinião estamos muito mais longes dessa constatação do que da morte do formato em si.

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