"The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore" |
Dizem que a grande arte do criativo é tirar leite de pedra.
Tô para te dizer que essa é a característica fundamental de qualquer
publicitário. Meu amigo Robledo Castro, redator da Prósper, escreveu um texto
sobre isso no blog da agência e eu tive que concordar com seu ponto de vista
(para acessar o texto clique aqui).
Nosso “leite” na verdade não vem da pedra, mas de um mundo
imaginário e mágico chamado livro. É da impressionante capacidade que temos de
gostar dessas páginas que nos tiram da realidade, quase sempre sem imagens, que
conseguimos desenvolver coisas incríveis. Pensando sobre isso hoje me vi
refletindo de onde surgiu em mim esse gosto pela leitura e, consecutivamente pela
escrita.
No meu caso, é hereditário. Sou fruto de uma geração da
minha família que considero muito inteligente e essa é melhor herança que ela
poderia me deixar. Foram minhas tias e tios, juntamente com a minha mãe que me apresentaram a boa
música, as letras dos Beatles e dos Rollings Stones, as páginas dos livros, o
prazer em escrever.
Você se lembra do seu primeiro livro? Eu não consigo me
esquecer do meu: “De onde vieram os bebês?”. Foi um presente da minha tia
quando eu tinha uns quatro anos e o tema, muito bem ilustrado, era exatamente o
do título. Em desenhos que ficaram cravados em minha memória pelas inúmeras
vezes que fiz minha mãe lê-lo para mim, lembro dos ciclos da gravidez e como
enterrei a hipótese de que as cegonhas entregavam os bebês.
Da infância também recordo as grandes bienais em São Paulo com seus livros infantis saltando em várias prateleiras. Ainda nessa época fui
apresentada à livraria, onde ficava horas e horas folheando as páginas enquanto
minha mãe e minha tia passeavam pelo shopping. Dali foi um pulo para os dois a três livros
lidos por mês na adolescência. Uma ficha só era pouco pra mim na biblioteca da
escola.
De ler para escrever foi um passo curto. Esse gosto surgiu
ainda na época das cartas. Sim... eu já mandei muita carta antes de criarem o
e-mail e o Skype. Naquele tempo a gente escrevia páginas e páginas para
compensar todo o tempo que se esperaria pela resposta. Comparado aos dias de
hoje era quase como aguardar o início de uma nova temporada do seu seriado
favorito.
Os diários viraram o blog e as poesias infantis que tanto
rascunhei deram lugar a textos como esse... exemplos das minhas devaneações
adultas. De tudo que sou o que tenho mais orgulho é da minha incrível
capacidade de tirar argumentos do nada e criar textos bem estruturados que surgem de uma dúzia de palavras ou menos.
Há quem diga que eles são grandes e entendiantes de ler...
para mim eles demostram a minha personalidade e carregam consigo toda essa
bagagem de leitora que, sem um livro, é um ser a beira do desespero.
Só quem é um inveterado leitor sabe explicar essa paixão pelos livros, né, Gabi? Confesso que me apaixonei tarde, só na faculdade. Mas venho tirando o atraso.
ResponderExcluirE tem sensação melhor que começar um novo livro? Um dos maiores prazeres da vida. E pra não repetir o erro, Manu já tem sua 'bibliotequinha' com aproximadamente 30 livros. E adora :)