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Estou multifacetada. De motorista
a ciclista, de piloto a pedestre. Me dividindo entre tantas tarefas vou
interpretando os personagens desse nosso trânsito caótico. Sendo tantas em uma
só posso afirmar que o que nos falta é civilidade.
Falando de forma geral, o que
vemos no trânsito é uma mistura muito perigosa entre falta de educação,
egocentrismo e uma bela porção de “foda-se”. Assim se comportam todos os
agentes que dividem as ruas das nossas cidades todos os dias.
Os motociclistas andam como se o
restante do mundo não existisse. Entre um corredor e outro ultrapassam sem
sinalização e se enfiam em lugares que, de tão apertados, nem podem ser
chamados de gretas. Ultrapassam sinais e desrespeitam basicamente todas as leis
de trânsito por alguns minutos de antecedência.
Os pedestres se consideram os
donos da rua, inflados com seus reis na barriga que os dão o direito de
atravessarem onde querem e como querem. Apesar de todas as campanhas
educativas, rua é lugar de passagem e faixa de pedestres é passarela exclusiva,
onde se coloca o pé e todo o mundo tem que dar um “pause” momentâneo para que a
sua excelência possa atravessar.
Os ciclistas ganharam muitos
espaços com suas ciclovias, que são de fato úteis e ótimas para usar, mas ainda
são ignoradas por tantos que possuem uma magrela. Entre uma esquina e outra
ignoram a convergência dos carros e motos e atravessam a rua como se a
prioridade fosse só sua e de mais ninguém.
E, por fim, sobram os carros.
Esses “ex gigantes” do trânsito, que na minha época de criança eram temidos e
respeitados por todos, são os que mais tem que se preocupar hoje em dia.
Motoristas se aventuram diariamente e tentam, por mais que seja em vão,
desenvolver a habilidade de olhar para 60 lados ao mesmo tempo.
Nesse meio, aqueles que assim
como eu aprenderam que o seu direito termina quando começa o do outro, sofrem
as consequências de ser um agente legal no trânsito.
São ciclistas em ciclovias que
estão lotadas de obstáculos, pessoas andando, cachorro passeando e até moto (eu
vi uma essa semana). São motociclistas que andam na faixa correta e, nem assim,
são respeitados pelos carros. São pedestres conscientes e utilizam a faixa para
atravessar e tomam “corrida” de carro, moto, bicicleta e outros, sem falar nos
banhos de poça em dia de chuva. São motoristas que respeitam as leis, mas têm
que parar bruscamente a qualquer instante para evitar acidentes.
A vida no trânsito seria bem mais
simples se houvesse apenas civilidade, ou seja, a preocupação com a convivência
em conjunto. Bastava que a moto seguisse seu caminho a menos de 80 km/h, que o
ciclista andasse na ciclovia e olhasse para o lado antes de entrar nas ruas,
que o pedestre indicasse a intenção de atravessar e esperasse a parada dos
veículos e que o carro respeitasse a todos os outros e fosse respeitado.
A tão básica educação... é uma
pena que ela está tão rara hoje em dia.
Olha, nem são poucos! Não se trata de alguma “meia dúzia”, tampouco “exceções”. Sem exagero, pode-se garantir – basta reparar – ciclistas típicos, paulistanos, eles demonstram “alergia” – melhor, aversão – com a própria incolumidade física como com a de outrem. Quem, imediatamente, esse “outrem”? Pedestre, sem dúvida!
ResponderExcluirNão usam luzes nas bicicletas, quase todos. Nem as tradicionais campainhas “ring-ring” – cicloativistas há, na internet, na mídia, que alegam serem elas “fraquinhas” para alertar motoristas, de presença da “bike” – só que, tais campainhas, cumprem sua primordial função: alertar o pedestre que cruza a via, quando lá vem a silenciosa (imprevisível) bicicleta... “Fraquinhas”... (?) – então, não usa?!
Cumé? Bicicletas “cegas”, SEM luzes? Ora, basta olharmos! Ou não usam é NADA ou, se usam, é algum – não farolete – pisca-pisca branquinho. Que, iluminar, mesmo, para quem pedala... humm... “ilumina” o quê? Servem, claro, para alertar (?) o motorista – de que aquela “bike” vem vindo... na contramão! Uns desses pisquinhas, tão pequeninhos, parecem mesmo uma lanterninha traseira, só que... colocada na frente! Em vez de, esse cérebro que só pedala, adequar-se ao Código e botar farolete, o inteligente e cuidadoso... ele “improvisa”!
Luzinhas traseiras, de “advertência”, vermelhinhas? Tão fraquinhas, minúsculas... ainda se escondem sob o selim! – aquele que usa, né? Tal como os piscas no guidão, imaginem-se essas luzinhas anêmicas numa noite de nebilna... Que “cautela”!
Pedalar na calçada, claro, é perigosíssimo: pode colher o pedestre e, nesse tombo, o próprio “cicloativista” também “se” fraturar. Mas... e a impunidade? Pois acaso pedalar sem campainha e, à noite, sem luzes, é menos reprovável? Só que... ALGUÉM se importa? Sequer “campanhas” educativo-preventivas se veem... Na mídia? Só ciclovias.
Como vemos, o Poder Público, claro, acolhe reivindicações dos cicloativistas: ciclofaixas, ciclovias, multar motoristas – muito justo mas... e o outro lado, não fiscalizar a conduta de ciclistas fora dessas “ciclos”? Como fica a nossa incolumidade ante o habitual comportamento do enorme contingente que pedala imprudente, senão agressivamente? Nós, como pedestres, digo.
Posto que: pedalar na calçada, na contramão; furar sinal vermelho, não usar “buzina” muito menos farolete – enfim, cometer transgressões de trânsito impunemente – ora, isso é parte do cotidiano, sem novidades. Mas impõe-se, por si mesma, a estranheza: se há um Código, por que não a consequente fiscalização?
Rubens Cano de Medeiros