Que publicitário tem ”problemas graves” não é novidade para ninguém. Quem conhece esses profissionais sabe bem que temos alguns gostos estranhos como, por exemplo, prestar mais atenção no break comercial de TV do que do programa em si.
Um desses gostos esquisitos é o que denominei como briefing reverso. Fazemos esse movimento quando vemos uma campanha muito legal, ou muito fora do padrão, e queremos fazer o briefing de trás para frente, ou seja, tentando adivinhar qual foi o problema de comunicação que resultou naquela campanha.
Essa publicação é voltada para o setor atacadista e supermercadista e o produto exposto se destina ao consumidor final. Matutei com os meus botões qual era o objetivo do marketing e danei a fazer o briefing reverso.
Pensando dessa forma cheguei ao seguinte problema de comunicação: o marketing queria fazer com que os atacadistas responsáveis pela distribuição do produto ao público final tivessem acesso a ele e soubessem de sua eficiência – uma vez que ele possui um grande concorrente que é o Super Bonder.
A partir desse sampling os atacadistas teriam uma experiência inicial com a marca e quando recebessem os representantes de vendas isso já iria facilitar a consolidação do pedido, afinal o produto só tem como chegar ao consumidor final se o distribuidor comprá-lo em primeiro lugar. Depois de gastar meus neurônios, sem exagero porque nem demorei tanto assim, achei a estratégia interessante.
Entra então nesse momento o segundo exercício do briefing reverso: será que eu teria feito assim caso a campanha fosse minha? Nesse caso, não tenho certeza. Foi preciso muito conhecimento de veículos de comunicação para se lembrar dessa revista em especial e de toda uma argumentação muito forte e clara para convencer o cliente. De qualquer forma, acredito que foi uma ideia muito boa e, na minha opinião, terá o resultado esperado.
E é em horas como essa que aflora um outro lado muito estranho do publicitário… adoraríamos ser mosquinhas para saber se as estratégias traçadas funcionaram ou não.